Com essas palavras, o secretário estadual da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, resumiu o espírito da reunião que marcou um ano da maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, em cerimônia realizada nos últimos dias no Palácio Piratini, em Porto Alegre. As chuvas que começaram em 27 de abril de 2024 e devastaram dezenas de municípios, com rios transbordando em cadeia – Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos e Gravataí – até atingir o Guaíba, e a Lagoa dos Patos, no sul do Estado. Cidades foram alagadas, encostas desmoronaram na Serra, como na localidade de Galópolis em Caxias do Sul. Vidas se perderam e milhares de famílias ficaram sem casa.
Um ano depois, o governo do Estado apresentou um balanço das ações realizadas e os novos rumos do Plano Rio Grande, criado para responder à emergência, reconstruir cidades e preparar o Estado para enfrentar eventos climáticos extremos com mais resiliência. Em entrevista para à Rádio Caxias, o secretário estadual da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, disse que o plano foi redesenhado com base em práticas internacionais e na contribuição de 41 especialistas do Comitê Científico. Estruturado em seis eixos – Emergência, Governança, Diagnóstico, Resiliência, Preparação e Reconstrução – o plano busca ir além da resposta imediata.
Conforme o secretário, desde 2024, o governo estadual aprovou R$ 8,5 bilhões em recursos para o plano. Mais de R$ 3,7 bilhões já foram empenhados e R$ 1,73 bilhão liquidados. Ele esclareceu que entre os avanços está o lançamento do programa Fundo a Fundo da Reconstrução, que financia obras municipais para contenção de cheias, além da compra de novos radares meteorológicos e estações de monitoramento. Capeluppi destacou também os investimentos em infraestrutura resiliente, recuperando quase 600 km de rodovias estaduais, com projetos que protegem encostas e melhoram drenagem. E garantiu que “isso nunca havia sido feito nessa escala no RS”.
Conforme o secretário, na Serra, região severamente afetada por deslizamentos, obras foram contratadas para evitar novos bloqueios e isolar menos as populações. Segundo ele, aeroporto de Caxias do Sul, por exemplo, recebeu R$ 14 milhões em melhorias, sendo um tipo de estrutura que dá alternativas logísticas em momentos de crise. Na entrevista, o secretário aproveitou o momento e reforçou: o maior desafio ainda é a habitação definitiva, pois famílias desabrigadas continuam sendo atendidas em Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs), que estão sendo desativados gradualmente com o encaminhamento para casas temporárias e programas habitacionais permanentes. Capeluppi elogiou ainda a solidariedade da sociedade gaúcha no momento mais crítico da tragédia e disse que essas pessoas desempenham um papel fundamental no socorro às vítimas. O secretário também fez questão de destacar que a reconstrução só será completa se incluir planejamento urbano, atualizado planos diretores e impedindo ocupações de risco.
Por fim, Capeluppi fez um apelo dizendo que “não é sobre bilhões, é sobre cuidar das pessoas. O trabalho tem que ser para garantir que, se um evento como aquele acontecer de novo, a gente esteja mais preparado. E, principalmente, que as perdas humanas sejam evitadas”, completou o integrante do governo Leite.
Confira aqui a entrevista completa.