As cadernetas de poupança encerraram 2024 com saldo negativo de R$ 15,47 bilhões, conforme dados divulgados pelo Banco Central, nesta quarta-feira (8). Este é o quarto ano consecutivo de perdas, mas o resultado representa a menor saída líquida do período, com uma redução de 82,4% em relação ao rombo de R$ 87,8 bilhões registrado em 2023.
Entre janeiro e dezembro do ano passado, foram depositados R$ 4,197 trilhões e sacados R$ 4,212 trilhões, o que fez o saldo final ultrapassar a marca de R$ 1 trilhão, algo que não acontecia desde julho de 2022.
Segundo o economista Pedro de Cesaro, a análise das saídas de recursos da poupança deve levar em consideração o destino desse dinheiro.
“Quando os recursos são retirados para investir em negócios ou melhorar a rentabilidade por meio de outras aplicações financeiras, isso é positivo, pois reflete decisões mais conscientes e produtivas dos poupadores”, explica.
Por outro lado, o economista alerta que a saída da poupança em momentos de inflação e juros elevados pode indicar um aumento no custo de vida das famílias, que utilizam esses recursos para cobrir despesas.
“Esse cenário é preocupante porque enfraquece a capacidade de poupança e reflete dificuldades econômicas”, destaca.
O economista explica que a retração nos depósitos também afeta o mercado imobiliário, uma vez que os financiamentos habitacionais, como os do programa Minha Casa Minha Vida, dependem dos recursos da poupança.
“Com a Selic alta, a poupança rende apenas 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), um retorno inferior a outros investimentos de baixo risco, o que desestimula os depósitos e, por consequência, prejudica o setor de construção civil”, ressalta o economista.
Neste sentido, o economista recomenda que os poupadores busquem alternativas mais rentáveis e seguras, como os títulos do Tesouro Nacional.
“A poupança tem a vantagem da garantia, mas é um dos investimentos menos rentáveis atualmente. Com juros altos, há boas oportunidades no mercado financeiro que podem proteger melhor o poder de compra das famílias”, conclui.
Com o cenário de juros elevados e inflação pressionada, o debate sobre o papel da poupança na economia continua. Especialistas sugerem que, além de buscar maior educação financeira, os brasileiros avaliem outras opções para fazer o dinheiro render mais.