A manhã desta sexta-feira (21) trouxe algumas respostas para o caso que ganhou repercussão nacional sobre o bolo envenenado no Litoral Norte gaúcho no fim de 2024. A Polícia Civil apresentou a conclusão de dois inquéritos sobre as quatro mortes causadas pela intoxicação se arsênio. Três vitimas morreram após ingerir um bolo às vésperas do Natal, no município de Torres. Enquanto a outra tinha falecido em setembro, em Arroio do Sal.
Os inquéritos foram enviados ao Poder Judiciário na última quinta-feira (20). Ao todo, os documentos possuem mais de mil páginas, unindo mais de 25 depoimentos e mais de 30 perícias. Conforme as investigações, a responsável em todos os casos seria Deise Moura dos Anjos, 42 anos. Ela foi encontrada morta no último dia 13 deste mês, na Penitenciária Feminina de Guaíba, onde estava em prisão temporária.
Se estivesse viva, Deise seria indiciada por quádruplo homicídio qualificado, além de outras três tentativas de homicídio triplamente qualificadas. No entanto, o Código Penal prevê a extinção da punibilidade em caso de morte.
Os documentos descartaram uma possível motivação financeira para os crimes. De acordo com a delegada regional do Litoral Norte, Sabrina Deffente, a explicação para os casos seria “uma grave perturbação” da investigada. A tese é sustentada pelo envenenamento, sem aparente motivo, do marido e do filho de Deise. Afinal, no início do mês de dezembro, os dois teriam ingerido um suco oferecido por ela, e que também estaria contaminado com arsênio.
Deise foi presa em 5 de janeiro, após pesquisas sobre o efeito do uso de arsênio serem encontradas no celular dela. Além disso, ela também havia buscado por assuntos como “veneno para matar humanos”. Ela também fez uma encomenda de arsênio em pó via internet quatro vezes em um período de quatro meses. O veneno teria sido recebido pelos Correios. Além de um comprovante da compra ter sido encontrado no celular dela.
A Delegacia do Consumidor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) vai apurar como Deise conseguiu adquirir os venenos, com foco na empresa que fez as vendas.
Deise era suspeita de ter envenenado as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59, e a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos. As três morreram após consumir um bolo de Natal, em Torres, no dia 23 de dezembro.
Outras três pessoas que consumiram a sobremesa foram hospitalizadas, mas sobreviveram. Uma delas era a sogra de Deise, Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61 anos. Ela seria o principal alvo do envenenamento.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) constatou que a farinha do bolo havia sido contaminada com arsênio. A suspeita dos investigadores é que a contaminação tenha ocorrido no final de novembro, quando Deise visitou a casa em que a sogra morava, em Arroio do Sal.
Deise ainda era investigada pela morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, morto em setembro do ano passado, também após receber a visita dela. Na ocasião, a causa do óbito foi dada como “intoxicação alimentar”. O corpo dele foi exumado no dia 8 de janeiro. Um exame pericial encontrou arsênio no cadáver.