A imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos sobre produtos asiáticos, como têxteis, calçados e vestuário, trouxe mais incertezas do que otimismo para a indústria brasileira. Para o presidente da (Federação das Indústrias Têxteis, de Confecção, Calçados e Vestuário (Fitemavest), Rogério Bridi, a medida pode abrir espaço para o Brasil, mas representa também um risco à já fragilizada indústria nacional.
“Enxergamos esse cenário com bastante preocupação e pouca expectativa positiva. Esses setores devem sofrer grande impacto nos preços, e o excedente que não for absorvido pelos Estados Unidos pode acabar sendo direcionado para o Brasil, prejudicando ainda mais a nossa indústria”, afirmou Bridi.
Segundo ele, embora exista a possibilidade de ampliar as exportações brasileiras para os EUA, a competitividade continua sendo o maior obstáculo. “Temos produtos de alta qualidade, bem elaborados, mas o ‘Custo Brasil’ ainda nos penaliza fortemente”, disse.
Entre os fatores que comprometem a competitividade do setor, Bridi destaca a elevada carga tributária, o alto custo de produção, a escassez de mão de obra especializada e o baixo investimento em tecnologia e inovação. “Mesmo com as tarifas impostas aos produtos asiáticos, nosso custo ainda tem peso significativo na hora de disputar o mercado internacional”, completou.
A Fitemavest acompanha de perto os desdobramentos da guerra tarifária e afirma estar comprometida em informar e orientar o setor. “É nosso papel estar atento a oportunidades e ameaças que impactam o desempenho das empresas. Nem sempre temos poder para mudar as regras do jogo, mas buscamos indicar caminhos viáveis para nossos associados”, explicou.
Para Bridi, o momento é de cautela. “Ainda estamos absorvendo os efeitos das mudanças. É cedo para prever os impactos reais. Esperamos que surjam brechas que possam ser ocupadas pelos nossos produtos. Qualidade nós temos. O desafio é sermos competitivos”, finalizou.