A frase é do filósofo e escritor Luiz Felipe Pondé que concedeu entrevista ao programa Jornal da Caxias desta manhã de segunda-feira (12). O estudioso, ainda disse, que o povo gaúcho é nacionalmente conhecido por sua resiliência e capacidade de enfrentar situações difíceis. Inclusive, dentro de uma perspectiva histórica, afinal, são povos oriundos de fronteira e sempre precisaram demonstrar virtude e coragem, em tempos de guerra e de adversidade. Sendo assim, o estudioso acredita que essa característica fundamental serve como fonte de esperança para o Estado que, recentemente, viveu momentos de crise, diante da maior tragédia climática já registrado no Rio Grande do Sul. O tambem professor Luiz Felipe Pondé fez um paralelo disso com o surgimento da própria filosofia, que nasceu ante a decadência de Atenas, na Grécia Antiga.
Segundo o professor, a história nos ensina que ambientes difíceis, como os vividos pelo Estado em maio, deste ano, são propícios tanto para o crescimento de virtudes quanto o de vícios, cabendo a nós definir o caminho a seguir. Pondé ainda faz uma reflexão filosófica sobre as guerras e, embora ele não as veja como algo positivo, o filósofo reconhece que elas são ambientes onde se forjam medalhas de honra. E que um bom exemplo disso é o filme que aborda a questão da Cruz de Ferro alemã, durante a Segunda Guerra Mundial, e que ilustra como a adversidade pode moldar o caráter humano. E que essa visão faz parte da auto-imagem dos gaúchos, que se vêem como um povo forte e resiliente.
Em contraste, muitos jovens de hoje, especialmente, aqueles de famílias materialmente seguras, podem achar que a vida é fácil. Segundo o filósofo, essa contraste é evidente no debate sobre a geração Z que, muitas vezes, não enfrenta as mesmas dificuldades que moldaram gerações anteriores. Por outro lado, a esperança, segundo essa visão, é mais facilmente encontrada em ambientes difíceis do que em tempos de facilidade. Situação que estaria alinhado com a história do Rio Grande do Sul e a construção da personalidade gaúcha, segundo Pondé. Contudo, ele adverte que o bairrismo só é eficaz quando se transforma em ações que envolvem o cuidado com o mundo ao redor. Inclusive, em visita a Porto Alegre, o filósofo pode constatar de perto essa característica do povo gaúcho, que associa a identidade local a algo sempre bom, e reflete todo o orgulho e a identidade forte desse povo.
O filósofo Luiz Felipe Pondé participa, como principal convidado, da 4ª edição do Transforma do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), com a palestra: “O Futuro e suas escolhas: a relação entre saúde mental e trabalho”. O evento acontecerá, nesta terça-feira (13), das 13h30 às 17h, no UCS Teatro.
Quem é Luiz Felipe Pondé ?
Trata-se de um dos filósofos contemporâneos mais respeitados no Brasil e possui uma carreira sólida como escritor e uma atuação acadêmica de grande consistência. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Ciências da Religião e Filosofia da Religião. Em seu trabalho, atua principalmente nos seguintes temas: religião, mística, santidade, angústia, modernidade, pós-modernidade, bem como epistemologia. É autor de diversas obras de cunho filosófico e questionador, como “O homem insuficiente”, “Conhecimento na desgraça”, “Do pensamento no deserto”, “Contra um mundo melhor”, entre outras.
Ouça abaixo, a entrevista na íntegra, concedida ao Jornal da Caxias, desta segunda-feira (12).