“Não há nada mais verdadeiro na vida do que a arte. Não há nada mais verdadeiro no mundo do que as cores.” A frase de Vincent Van Gogh revela o poder que o desenho exerce sobre nós. Em traços, formas e cores, a arte comunica o que muitas vezes não cabe em palavras. No próximo dia 15 de abril, é celebrado o Dia do Desenhista. Uma data para homenagear aqueles que transformam papel em poesia visual e cidades em galerias a céu aberto. Nesta reportagem, vamos conhecer as trajetórias de dois artistas que encontraram no desenho uma forma de transformar não só as próprias vidas, mas também as de outras pessoas: Tico Canato e Fredy Varela.
Com a chegada da Revolução Industrial, o desenho ganhou novas possibilidades. A cidade em movimento virou inspiração, e o artista urbano encontrou espaço. Murais de graffiti com traços clássicos, intervenções digitais. Tudo isso constrói um novo panorama da arte contemporânea.



É nesse contexto que surge Rafael Evangelista Canato, ou simplesmente, Tico Canato. Nascido em 1983 e criado no bairro de São Mateus, zona leste de São Paulo, ele cresceu rodeado de muros, skates e a estética da periferia. Desde pequeno, o desenho foi refúgio e a ponte com o mundo.
Com o tempo, Canato transformou a vivência em movimento social. Criou o projeto A Arte Move o Mundo, que usa a criatividade e a sustentabilidade para ressignificar objetos e espaços dentro das comunidades. O projeto já impactou a vida de diversas crianças, adolescentes e famílias, levando arte onde antes havia abandono.
Mas nem sempre a arte é só luz. Houve um momento em que Canato enfrentou a depressão e foi justamente nos lápis e nas folhas em branco que ele encontrou a cura. Daquele período surgiu um conceito que carrega até hoje: Never Stop Never, ou “Nunca Pare Nunca”.



Quem também carrega o desenho como marca de vida é Fredy Varela. Ilustrador, cartunista, professor e designer, ele nasceu em Bom Jesus e desde cedo foi incentivado pela mãe a explorar a arte. Através dos traços, descobriu a voz no mundo. E descobriu também que uma charge pode dizer mais que um discurso inteiro.
Com mais de vinte anos de carreira e passagens por jornais, agências, editoras e instituições de ensino, Fredy acredita que a charge é uma das linguagens mais acessíveis e democráticas da comunicação.
Ao todo, mais de 60 obras já contam com ilustrações assinadas por Fredy Varela. Durante a trajetória, a arte também teve papel de refúgio e reencontro. O desenho voltou a ganhar força justamente nos momentos mais desafiadores.



Canato e Varela são exemplos vivos de como o desenho vai muito além da estética. Ele é ferramenta de crítica, transformação, cuidado e conexão. Para Canato, desenhar é observar e reconstruir o mundo a partir do cotidiano. Para Varela, o desenho pode e deve ser experimentado por qualquer pessoa, a qualquer momento da vida.
A arte transforma. E o desenho é uma das formas mais puras dessa transformação. No traço solto, na caricatura provocativa, na pintura que colore um muro cinza, cada gesto carrega uma história, uma memória e uma intenção. No próximo dia 15 de abril, Dia do Desenhista, celebramos não só os artistas, mas também a liberdade de expressão que nasce no papel e ecoa no mundo.
Como diria Leonardo da Vinci: “A arte diz o indizível, exprime o inexprimível e traduz o intraduzível.”


