A crescente abstenção nas eleições municipais de Caxias do Sul levantou preocupações sobre a participação democrática da população. No segundo turno, realizado no último domingo (27), quase 100 mil eleitores caxienses deixaram de votar, resultando em um percentual de abstenção superior a 28% . Esse número representa um aumento significativo em comparação ao primeiro turno, onde a abstenção foi de pouco mais de 25% . Além disso, é superior ao percentual de 24,79% registrado em 2020, durante o período de pandemia.
Em entrevista para a Rádio Caxias, o cientista político e professor da Universidade de Caxias do Sul, João Ignácio Pires Lucas, destacou a importância de analisar esses dados. Ele enfatizou que a baixa participação pode minar a legitimidade do sistema democrático.
“Estamos enfrentando um momento preocupante. A percepção de falta de legitimidade nas eleições já é uma realidade, e a recente queda na participação pode agravar essa situação”, afirmou.
Pires Lucas também mencionou que a polarização política, exacerbada pelas redes sociais e pela disseminação de fake news, tem gerado um ambiente de tensão e desinteresse pela política partidária.
“Se não lidarmos com essas questões agora, corremos o risco de perpetuar um ciclo de antipolítica entre as novas gerações”, alertou.
Ou seja, na opinião do cientista político, a análise dos dados de abstenção em Caxias do Sul é crucial, uma vez que a cidade, tradicionalmente engajada, enfrenta desafios para mobilizar seus cidadãos.
“Precisamos investigar os fatores que estão levando os cidadãos a se afastarem do processo eleitoral”, pediu o professor, ressaltando a importância de revitalizar o interesse político.
Segundo o estudioso, é preciso fomentar o debate público sobre o futuro da democracia no Brasil, garantindo que todos se sintam parte do processo democrático e considerar maneiras de reverter o cenário de desinteresse, promovendo a participação ativa nas eleições.