Esta segunda-feira (08) marca um ano dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, ocorrido junto à Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O incidente tem reflexos históricos e demonstram a instabilidade política do país. Quem explica é o cientista político e professor doutor da Universidade de Caxias, João Ignácio Pires Lucas.
Conforme o professor, o episódio é menos excepcional do que parece, principalmente, se analisado, a partir do advento da fase republicana no Brasil. Período de forte instabilidade política no país e marcada por episódios similares aos do 8 de janeiro. Ele cita como exemplo o golpe do Partido Comunista, em 1935, e a do partido mais conservador do Estado Novo, em 1937. E que só terminou, em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, graças a uma onda de democratização no Brasil. Em 1950, com a eleição de Juscelino Kubitschek, uma parcela militar da população tentou evitar que ele assumisse, pelo fato do candidato não ter conquistado 50% dos votos válidos. Porém, esses seriam apenas alguns dos exemplos, mas existem outros, entre eles: a renúncia do Júnior Quadros, em 1964, seguida pela redemocratização, a partir de 1980 e que culminou com eleições diretas, em 1989. Sem contar, o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello (PRN), em 1992, por mais institucional que tenha sido, na opinião do cientista político.
Segundo o cientista político, com a eleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1994, o Brasil passou por um período de mais estabilidade política e que se manteve até a segunda eleição do atual presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT). Já no segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) veio o impeachemet, ou seja, gerando outro abalo no sistema político e que culminou, posteriormente, com a eleição de Jair Bolsonaro (PL), em 2018, e cuja derrota nas urnas, em 2022, levou aos atentados antidemocráticos do 8 de janeiro.
Conforme o professor João Ignácio, esses episódios demonstram toda a instabilidade política do país, desde sempre. Portanto, ele acredita que é possível que voltem a acontecer, nas próximas eleições presidenciais. Ainda que a esmagadora maioria da população brasileira e o próprio conjunto de instituições, entre elas, o judiciário, o legislativo e, mesmo, o executivo repudiem aquele episódio.
Segundo João Ignácio, as eleições no Brasil sempre apresentaram problemas, porém, de pequeno vulto. Muito em razão da interferência do poder econômico nas eleições, ainda que a fiscalização, por parte da justiça eleitoral, seja massiva. Então, a partir de 8 de janeiro o professor explica que temos visto um grande processo de afirmação da democracia representativa e formal, ou seja, do ponto de vista das três grandes áreas dos poderes do estado brasileiro (Executivo, Legislativo e Judiciário).