Com o funeral no Vaticano do Papa Francisco marcado para este sábado (26), os cristãos e católicos de todo o mundo se preparam as despedidas de um dos pontífices, na visão dos Vaticanistas, que marcaram a história recente da fé católica com coragem, simplicidade e profundo compromisso com os marginalizados. Conhecido como o “Papa dos Pobres”, para muitos especialistas da fé cristã, Francisco trouxe à Igreja Católica uma nova sensibilidade pastoral, social e ecológica, ecoando sua origem latino-americana.
Durante entrevista à Rádio Caxias, o arcebispo de Santa Maria (RS) e presidente da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, Dom Leomar Brustolin, falou sobre a herança deixada por Francisco. Destacou que este é um tempo de luto, mas também de gratidão. Segundo o arcebispo, “estamos todos num sentimento de orfandade. Mas ele deixa um legado profundo, de uma Igreja que primeiro acolhe, depois anuncia e integra.”
Dom Leomar lembrou que Francisco deu voz aos mais vulneráveis, os migrantes, os refugiados, as mulheres, os povos indígenas e os quilombolas. Mesmo diante de críticas, na visão do arcebispo, o pontífice manteve-se firme, pois “ele não se preocupava com a aprovação dos outros, mas com o sofrimento das pessoas.”
Entre os principais marcos de Papa Francisco, Dom Leomar destacou a política de tolerância zero contra abusos sexuais, a pedofilia, promovidos por padres ou qualquer integrante da Igreja e a busca por uma gestão transparente e coerente.
Na opinião do arcebispo, “Francisco exigiu que a Igreja vivesse aquilo que prega, ou seja, um Papa guiado pelo discernimento inaciano, sempre atento aos sinais dos tempos e fiel a Jesus Cristo.”
O arcebispo também ressaltou o papel de Francisco como referência moral global, ao tratar de temas como meio ambiente e fraternidade universal. A importância de “encíclicas como Fratelli Tutti, Laudato Si e Laudate Deum, que marcaram um novo tempo de consciência e responsabilidade dentro e fora da Igreja”. Dom Leomar destacou ainda o impacto do Documento de Aparecida, do qual o então cardeal Bergoglio foi relator. O arcebispo garantiu que “esse texto moldou a caminhada da Igreja na América Latina e continua sendo base da ação pastoral.”
Com a proximidade do Ano Santo de 2025, cujo tema é “Peregrinos da Esperança”, Dom Leomar acredita que a influência de Francisco seguirá viva. Ele alertou, como o próprio Papa, para os riscos de uma “terceira guerra mundial em pedaços”, das mudanças climáticas e da exclusão social.
Por fim, ao comentar a escolha do próximo Papa, Dom Leomar lembrou que Francisco nomeou a maioria dos cardeais eleitores, muitos vindos da Ásia, África e América Latina. O arcebispo acredita que “a escolha será mais embasada num perfil necessário para os desafios atuais do que sobre um nome que seja forte” e que “o mais importante é escutar a realidade e, sobretudo, a voz de Deus em oração.”
Confira aqui a entrevista completa.