De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Previdência Social, o Brasil registrou, no ano passado, mais de 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais, o maior número desde 2014. O aumento de 68% em relação ao ano anterior reflete uma crise de saúde mental, que impacta tanto trabalhadores quanto empresas.
A reportagem da Rádio Caxias quis entender melhor a questão e procurou a psicóloga Sabrina Rugeri, que é mestre em psicologia e tem especialização em saúde mental. A profissional aponta que a pandemia deixou marcas profundas, com o aumento de casos de depressão e ansiedade. “O isolamento, o luto solitário e o medo constante afetaram muitas pessoas, agravando a saúde mental”, afirma.
Além disso, ela destaca o ambiente de trabalho, caracterizado pela pressão por produtividade e sobrecarga, como um dos principais fatores para o crescente número de afastamentos. Segundo a psicóloga, outro ponto crucial é a sobrecarga de trabalho das mulheres, que enfrentam responsabilidades profissionais e familiares, elevando o número de afastamentos por transtornos mentais, especialmente entre as de meia-idade.
Em resposta, ao alto índice de afastamentos — em decorrência de problemas mentais, o Ministério do Trabalho atualizou a NR-1, que agora exige maior fiscalização sobre a saúde mental no ambiente de trabalho. Sabrina acredita que, apesar de ser um avanço, ainda há muito a ser feito para garantir um ambiente de trabalho saudável. Neste sentido, ele adverte que o aumento nos afastamentos destaca a urgência de repensar o equilíbrio entre trabalho e saúde mental, com ações mais efetivas para proteger o bem-estar dos trabalhadores.