A Igreja Católica despede-se nesta segunda-feira de um de seus mais carismáticos e transformadores líderes: o Papa Francisco. O pontífice faleceu durante a madrugada (horário de Brasília), aos 88 anos, após mais de uma década à frente da Igreja. Líder espiritual de mais de 1,3 bilhão de católicos no mundo, Francisco será lembrado por seu compromisso com a paz, sua atenção às periferias e sua abertura pastoral a temas antes considerados tabu dentro da Igreja.
Em entrevista à Rádio Caxias, o vigário-geral da Diocese de Caxias do Sul, padre Leonardo Inácio Pereira, destacou o impacto profundo do pontificado de Francisco. “Estamos vivendo um momento histórico. Para nós, cristãos, a morte não é o fim, é o começo de uma nova perspectiva. Papa Francisco agora intercede espiritualmente por nós, enquanto seguimos seu legado de esperança e amor”, afirmou o sacerdote, que também é coordenador diocesano de pastoral.
Padre Leonardo, que estudou em Roma e esteve presente na Praça São Pedro no dia da eleição de Jorge Mario Bergoglio ao papado, recordou a emoção daquele momento histórico em 2013. “Quando apareceu no balcão da Basílica e se autodenominou ‘bispo de Roma’, ele já nos mostrava sua ênfase na valorização das igrejas locais”, disse.
Francisco foi o primeiro Papa vindo da América Latina e também o primeiro jesuíta a ocupar o cargo. Sua postura pastoral se destacou desde o início, ao pedir a bênção do povo antes mesmo de abençoar a multidão no Vaticano. Segundo o padre Leonardo, esse gesto simbolizou a essência de seu papado: proximidade, simplicidade e escuta.
Entre os marcos de seu pontificado, estão a encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado com a casa comum, e o chamado à inclusão pastoral de pessoas marginalizadas, como os divorciados em nova união e a população LGBTQIA+. “Ele tocou em feridas que muitos evitavam. Com coragem, mas também com ternura”, destacou o vigário.
A nomeação de mulheres para cargos-chave na Cúria Romana e o incentivo à descentralização da Igreja também foram apontados por padre Leonardo como sinais claros da reforma empreendida por Francisco. “Pela primeira vez, temos mulheres presidindo dicastérios e organismos importantes do Vaticano. Ele acreditava no protagonismo de todos dentro da Igreja”, afirmou.
Em sua última bênção Urbi et Orbi, na manhã do domingo de Páscoa, Francisco reiterou seu apelo pela paz mundial e condenou os conflitos armados e o comércio de armas. Foi um gesto final que ressoou com a essência de seu pontificado: uma Igreja missionária, de portas abertas, e comprometida com a dignidade humana.
“Ele é o Papa da Paz. Uma voz, talvez isolada, mas firme contra as guerras e o comércio de armas”, disse padre Leonardo. “Nos ensinou que a paz começa dentro do coração e se estende à família, à comunidade, à sociedade.”
Ao final da entrevista, padre Leonardo destacou a simbologia dos sinos tocando às 8h nas cidades da Diocese de Caxias do Sul. “É um gesto de agradecimento por tudo o que o Papa Francisco representou para nós. Um líder espiritual, mas também um amigo próximo dos pobres, das famílias e do planeta.”
Agora, com a Sé Apostólica vacante, inicia-se o processo para a escolha do novo pontífice. O mundo católico acompanha, com orações e esperança, os próximos passos da Igreja que Francisco ajudou a moldar para o século XXI.
Confira na íntegra o que disse o padre Leonardo em participação no Jornal da Caxias