As enchentes de abril e maio do ano passado causaram perdas significativas no solo da Serra Gaúcha. De acordo com estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a recuperação completa do solo da região da Serra poderá levar até 40 anos. O estudo foi apresentado durante o seminário “RS Resiliência e Sustentabilidade”, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no dia 14 de março. A pesquisa analisou os efeitos das chuvas excessivas em áreas como pomares e áreas agrícolas de cooperativas instaladas em Bento Gonçalves, Pinto Bandeira e Veranópolis.
Em entrevista para a Rádio Caxias, o pesquisador e professor de agronomia da UFSM, Gustavo Brunetto, disse que a principal conclusão na análise do solo foi a perda de 85% do carbono, essencial para a fertilidade, principalmente em vinhedos e pomares de pêssegos, efeitos adversos causados pelas enchentes. Conforme o pesquisador, a perda de matéria orgânica compromete a nutrição das plantas. Contudo, Brunetto adianta que a boa notícia é que a reposição dessa matéria pode ser acelerada com práticas tradicionais como o uso de plantas de cobertura e compostagem.
Ainda conforme o pesquisador, o estudo destacou a perda de fósforo, outro nutriente importante para o solo, que foi levado pela força das águas. Portanto, para restaurar a produtividade, Brunetto assegura que os produtores terão que investir em fertilizantes ou utilizar resíduos orgânicos, quando possível. Afinal, o pesquisador também ponderou a situação preocupante que vivem os produtores da Serra Gaúcha e do Estado, do ponto de vista econômico e um reflexo tanto da escassez quando do excesso de chuvas, no último ano.
Conforme o professor, a pesquisa também alertou para a necessidade de preparar a região da Serra para eventos climáticos extremos, que se tornarão mais frequentes devido às mudanças climáticas. Neste sentido, Brunetto recordou a importância da colaboração entre pesquisadores, técnicos e produtores para a recuperação do solo. Por fim, enfatizou que a adoção dessas práticas depende do apoio financeiro e políticas públicas das diferentes esferas governamentais, seja da união, estado e municípios.
Confira aqui a entrevista na íntegra.