Na sociedade atual, a terceirização da educação e do cuidado dos filhos tem ganhado destaque. Michele Scariot, teóloga, coaching e facilitadora da Universidade da Família (UDF), reflete sobre as tendências atuais na criação dos filhos, a partir de sua experiência como mãe de três adolescentes e outra criança de oito anos. Apesar de vir de uma geração que valorizava famílias menores, Michele optou por deixar sua carreira em prol da maternidade. Ela garante que, embora criar uma família numerosa seja desafiador, com disciplina e organização é possível criar uma rotina equilibrada. Portanto, a coach acredita que a educação dos filhos deve ser uma prioridade e questiona a crescente terceirização desse processo na vida moderna.
Michele enfatiza que a sociedade tem adotado uma cultura de “priorização do eu”, onde as mães são incentivadas a focar, primeiramente, em sua carreira, saúde e bem-estar, enquanto delegam a educação dos filhos a terceiros. Para ela, esse foco no individualismo acaba negligenciando o cuidado necessário para o desenvolvimento emocional e psicológico integral dessas crianças. Com uma observação atenta ao comportamento infantil e ao impacto de uma criação distante dos pais, Michele decidiu se aprofundar em estudos sobre o tema, algo que segundo ela acaba se estendendo também à utilização excessiva de dispositivos eletrônicos por crianças e adolescentes. Portanto, ela defende que a introdução de dispositivos deve ser feita de forma cuidadosa e com limites bem estabelecidos.
Segundo a coach, embora o cenário atual mostre muitas mães solo enfrentando desafios difíceis, devido à falta de uma rede de apoio, Michele acredita que a criação dos filhos deve ser uma responsabilidade compartilhada entre os pais, e que a presença e o comprometimento dos dois são cruciais para o desenvolvimento saudável das crianças. Ela ainda reforça a importância de não subestimar o impacto de uma educação sólida, com valores claros, e de manter um relacionamento próximo com os filhos, ouvindo-os e compreendendo suas necessidades emocionais.
Com base em sua vivência e em sua experiência como facilitadora da UDF, Michele Scariot faz um alerta à sociedade: a terceirização da educação e do cuidado dos filhos não deve ser vista como uma solução fácil. Ao contrário, é necessário repensar os valores que orientam a criação dos filhos e resgatar o papel ativo dos pais na formação de cidadãos saudáveis e bem estruturados.