O Natal de 2024 ganha uma dimensão ainda mais especial para os gaúchos, ainda se recuperando da maior tragédia climática de sua história, ocasionada pelas enchentes que devastaram grande parte das cidades do Rio Grande do Sul, em maio. As cenas de destruição e de perda foram impactantes, mas, ao mesmo tempo, revelaram a força da solidariedade e da fé, expressões vivas do amor cristão que se manifestaram em cada ação de ajuda e apoio às vítimas.
As palavras de acalento são do Frei Jaime Bettega, que em suas reflexões sobre o Natal nos lembra que a data não é apenas sobre presentes materiais, mas sobre a presença de Deus no mundo, personificada em Jesus Cristo, que nasceu em humildade, “um menino cujos pais não tinham condições e ele não tinha onde nascer, e nasce numa mangedora”. Esta imagem do nascimento de Jesus, num cenário de simplicidade e dificuldade, se conecta profundamente com o que muitos viveram em maio de 2024, quando enfrentaram a perda de entes queridos, a destruição de lares e a dor de um sofrimento incompreensível.
Em meio a essa crise, a verdadeira essência do Natal se revelou nas ações solidárias que mobilizaram a população e diversas organizações. Como bem destacou Frei Jaime, a fé é “amor em movimento”, e esse amor foi palpável em cada gesto de ajuda, de acolhimento, e de doação. “O sofrimento nos fez mais sensíveis e desejosos de ajudar”, afirmou o frei, refletindo sobre como a dor das enchentes despertou uma onda de solidariedade que ultrapassou fronteiras e se estendeu para além do Rio Grande do Sul, com doações chegando até de outros países. Esse amor em movimento, simbolizado pelo gesto dos Reis Magos que levaram presentes ao menino Jesus, também se traduziu em ações concretas de apoio às famílias atingidas pelas enchentes, pondera frei Jaime.
Ele também recorda que o Natal é, acima de tudo, uma festa espiritual, um momento para buscar o transcendente. E foi nesse espírito que, apesar das adversidades, os gaúchos, com a ajuda de milhares de voluntários e entidades, conseguiram transformar o sofrimento em um ato de amor. “A solidariedade foi tão intensa que chegamos a pedir para que as doações fossem suspensas, porque não havia mais espaço para guardar tanta ajuda”, destacou o frei, evidenciando a generosidade sem limites que emergiu de uma situação de dor.
O Natal deste ano, portanto, não é apenas um momento de reflexão sobre o nascimento de Jesus, mas também uma oportunidade para celebrar o amor cristão que, por meio da fé, se fez presente nas ações concretas de ajuda ao próximo. “A fé é amor em movimento”, afirmou Frei Jaime, e esse amor, que foi vivenciado em toda sua intensidade nas enchentes de 2024, é agora renovado com o Natal. Não é mais o “menino Deus” que nasce em uma manjedoura simples, mas esse amor divino que, ao entrar no coração das pessoas, transforma cada gesto de solidariedade em um verdadeiro presente de Natal.
“Quando vamos ao encontro do outro, abrimos dentro de nós um espaço para acolher a felicidade do dar, do ofertar, do abraçar”, disse Frei Jaime, refletindo sobre a importância da conexão com o próximo, especialmente em tempos de crise. Em um ano marcado pelo sofrimento, a verdadeira mensagem do Natal é mais forte do que nunca: o amor de Cristo se faz presente, não apenas no nascimento de Jesus, mas em cada ação de compaixão e solidariedade que vemos ao nosso redor.
Assim, o Natal de 2024 não é apenas uma celebração familiar, mas uma oportunidade para refletirmos sobre o verdadeiro espírito de Cristo: o amor que se faz presente no sofrimento, que se expressa nas ações concretas de ajuda e que se reflete na fé de cada pessoa que, ao dar ao próximo, encontra a verdadeira felicidade, finalizou frei Jaime.