A epidemia global de obesidade infantil afeta aproximadamente 39 milhões de crianças com menos de 5 anos em todo o mundo, com impactos particularmente devastadores nos países de baixa e média renda, que enfrentam o desafio duplo da subnutrição e da obesidade. No Brasil, projeções do Atlas Mundial da Obesidade 2024 indicam que até 2035, o número de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com sobrepeso ou obesidade pode alcançar 50%.
Crianças com obesidade enfrentam um risco aumentado de desenvolver uma série de doenças, como asma, apneia do sono, problemas ósseos, diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e até câncer, além de enfrentarem desafios emocionais significativos, como depressão, ansiedade, estigmatização social, solidão e baixa autoestima.
Estudos destacam que a obesidade infantil é o resultado da complexa interação entre fatores genéticos e estilo de vida, que formam uma rede biopsicossocial influenciando o desenvolvimento ao longo da vida. Durante o período pré-gestacional, esse movimento começa a se manifestar, com o ambiente dos pais influenciando o risco de obesidade na infância. Fatores como má nutrição, tabagismo e consumo de álcool podem alterar padrões genéticos, aumentando a suscetibilidade à obesidade nas gerações futuras. Além disso, a obesidade materna prévia à gravidez está fortemente associada ao sobrepeso e obesidade nos filhos durante a infância e adolescência.
Durante o ambiente intrauterino, a hipótese do “fenótipo poupador” sugere que o feto que recebe menos do que necessita adapta-se através de mudanças fisiológicas, resultando em consequências adversas para a saúde a longo prazo, incluindo obesidade.
Desde o nascimento até os dois anos de idade, são estabelecidos padrões alimentares e comportamentais que podem persistir ao longo da vida, onde a amamentação desempenha um papel crucial na redução do risco de obesidade infantil.
A introdução alimentar precoce antes dos seis meses de idade pode estar associada ao desenvolvimento de excesso de peso na infância e a vários problemas de saúde. Recomenda-se iniciar a introdução alimentar aos seis meses de idade, com alimentos bem cozidos e amassados, e aumentando gradualmente a consistência dos alimentos conforme a criança se adapta.
A educação nutricional dos pais desempenha um papel fundamental na prevenção da obesidade infantil, influenciando diretamente os hábitos alimentares da criança. Além disso, o ambiente familiar pode contribuir para o desenvolvimento da obesidade infantil, com fatores como comunicação deficiente, baixo controle comportamental, conflitos familiares e hábitos alimentares prejudiciais.
Com informações de Adriana Stavro, Nutricionista Mestre pelo Centro Universitário São Camilo